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Dias de Outono

E os outros também

Dias de Outono

Amordaçados

30.09.20 | Maria Soares

 

The Handmaid's Tale' Turned a DC on the Verge of Shutdown into Gilead |  IndieWire

Baseado no Livro (romance) de Margaret Atwood, "The Handmaid's Tale," publicado em 1985,  o Conto da Aia (traduzido livremente para português) é uma série extraordinária! Imperdível.
Versando temas actuais e mesclando-os com uma "possibilidade" um pouco inquietante (esperemos que nunca se atinja este patamar, no futuro) retrata a desvalorização do papel da mulher na Sociedade. Mostrando de forma bastante "palpável" e até "bizarra", o pouco respeito, tanto pelo seu corpo como pelos seus direitos, concentrando completamente, no homem, o domínio e até a continuidade da sua vida.
A série visa ainda o preconceito contra a homossexualidade e mostra bem, como certos "núcleos extremistas" que buscam a sociedade "perfeita", escondem afinal, uma, ainda mais abominável e hipócrita.
 

The Handmaid's Tale' Season 3, Episode 6 Review: In 'Household' Silence Is  Golden

No dia 10 de Janeiro de 2020 escrevi isto, que está em cima, sobre esta estupenda história (com várias temporadas) adaptada à televisão, sem nunca me passar pela ideia que a "mordaça" seria o nosso futuro muito próximo. 
 

The Handmaid's Tale Season 2 Premiere: Off The Book, The Series Still  Unsettles — A Reel Of One's Own

"Em ficção científica há monstros e naves espaciais; ficção especulativa poderia realmente acontecer. A diferença entre ficção científica e especulativa é que a primeira é algo que nós ainda não podemos fazer. E a segunda, é sobre assuntos que já estão na nossa frente, e que acontecem na Terra". -  Margaret Atwood
 

The Handmaid's Tale' Season 3, Episode 10 Review: 'Witness'

 
Em entrevistas, Atwood já admitiu que obras como The Handmaid's Tale e Oryx and Crake podem ser consideradas 'ficção científica social'. 

The Handmaid's Tale' Episode 3: What happened to Ofglen - Business Insider  | Handmaid's tale show, A handmaids tale, Tales

Assistimos já, em muitos lugares, a contestação veemente que é feita às "nossas máscaras". Lidamos talvez, ou, não, com um vírus diferente (ainda) mas que nos está a subjugar e a tirar tudo o que nos caracterizava. De uma forma meia distorcida a nossa vontade e liberdade, também está a ser controlada. E morrer... está-se a morrer aos poucos, todos os dias, seja literalmente, ou assim... definhando. 

Impedidos de ser quem somos. De respirar livremente. Expressar os nossas emoções, "proibidos" de tocar os outros. Da mínima proximidade deles e dos nossos.

Há muitas espécies de vírus mortais. Muitas ameaças à nossa roda que nunca valorizámos suficientemente. Agora, já percebemos que nem todos são visíveis, nem palpáveis. Que pouco podemos contra eles, mas nunca poderemos deixar de lutar... 

 

Handmaid's Tale Showrunner Reveals How June Got the Kids Out

 

Sinopse


Num futuro próximo, as taxas de fertilidade caem em todo o mundo resultado da poluição e de doenças sexualmente transmissíveis. No meio ao caos, o governo totalitário da República de Gileade, uma teonomia cristã, domina o que um dia foi um território dos Estados Unidos, no meio a uma guerra civil ainda em curso. 
 
A sociedade é organizada por líderes sedentos por poder ao longo de um regime novo, militarizado, hierárquico e fanático, com novas castas sociais, nas quais as mulheres são brutalmente subjugadas e, por lei, não têm permissão para trabalhar, possuir propriedades, controlar dinheiro ou até mesmo ler. 
 
A infertilidade mundial resultou no recrutamento das poucas mulheres fecundas remanescentes em Gileade, chamadas de "aias" (Handmaid), de acordo com uma interpretação extremista dos contos bíblicos. Elas são designadas para as casas da elite governante, onde devem se submeter a estupros ritualizados com seus mestres masculinos para engravidar e ter filhos para aqueles homens e suas respectivas esposas.
 
June Osborne, renomeada como Offred (De Fred) (Elisabeth Moss), é a aia atribuída à casa do Comandante Fred Waterford (Joseph Fiennes) e de sua esposa Serena Joy Waterford (Yvonne Strahovski). Sujeita às regras mais rigorosas e uma vigilância constante; onde uma palavra ou ação imprópria de sua parte pode levar a sua execução. Offred, que tem o nome de seu mestre masculino assim como todas as aias, recorda-se do "tempo anterior", quando era casada, com uma filha e tinha seu próprio nome e identidade.
 
Mas, agora, tudo o que ela pode fazer é seguir as regras de Gileade na esperança de que algum dia possa viver livre e reunir-se com sua filha e o marido, novamente. Os Waterfords, que foram principais inventores da República de Gileade, têm seus próprios conflitos, resultantes das realidades da sociedade que ajudaram a criar.
 
 

Lisboa no Outono. Lisboa... em qualquer estação

30.09.20 | Maria Soares

 

 

Lisboa

Lisboa em números - Lisboa Secreta

Quinta das Conchas

Liquidambar styraciflua, Outono na Quinta das Conchas e dos Lilases, Lisboa,  Portugal | Mapio.net

Castelo de S. Jorge

Tour - LISBOA - Meet Portugal

Torre de Belém

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Bairros típicos

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Jardins da Gulbenkian

Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian - Lisboa | All About Portugal

Jardim do Campo Grande

Mário Soares dá nome ao jardim do Campo Grande - DN

Ponte 25 de Abril

Elevation of Avenida da Liberdade, Av. da Liberdade, - Lisboa, Portugal -  Topographic Map - Altitude Map

Jardim Vasco da Gama - Belém

Jardim Vasco da Gama - Lisboa - Guía de Portugal

Cacilhas (Grande Lisboa)

7 sítios ideais para ver o pôr-do-sol na Grande Lisboa

Ponte Vasco da Gama

Vasco Da Gama Bridge At Dawn - Vasco Da Gama Bridge - 1500x1000 - Download  HD Wallpaper - WallpaperTip

Parque das Nações

Principais Pontos Turísticos de Lisboa | Vamos Por Aí

Elevador de Santa Justa

L'elevador neogòtic de Santa Justa a Lisboa - Ascensors Sales

Estação do Rossio

Estação do Rossio | Rossio lisboa, Lisboa, Estação de comboios

Praça do Comércio - Arco da Rua Augusta.

Arco da Rua Augusta de Lisboa | Buendía tours

Sintra (grande Lisboa)

Top 10 dos Lugares para Visitar em Sintra - Elane de Portugal

Quentes e boas, já apetecem

Dia de São Martinho - Narrativa Diária

Pastéis de Belém

Pastéis de Belém: um segredo irresistível desde 1837 | Descubra Lisboa

Le quartier Belem à Lisbonne - Portugal - Aventure Voyage

Boca do Inferno - Cascais

Pin em Voyages

Tanto para ver nas proximidades. Arrábida, Cascais, Queluz, Sintra, Costa da Caparica, Cabo da Roca, Cabo Espichel...

 

 

Mulan - As mulheres e a HONRA da Família

29.09.20 | Maria Soares

 

 

 

"your job is to bring honor to the family"

 

Dos homens sempre se esperou que fossem guerreiros. Que conquistassem, a vitória e os despojos fossem seus. Entre eles, às vezes, muitas vezes mesmo, estavam mulheres e crianças.

Não importava muito o que lhes sucedia, ou se a honra delas, era sem piedade, alvitrada nessa hora. Às mulheres sempre se pediu comedimento. Sujeição, primeiro ao pai. Depois ao marido. Passando pelo respeito para com o sogro e todos os homens à sua volta.

A mulher nunca foi nada. Ou, sempre foi tratada como muito pouco e frequentemente como moeda de troca em contratos de posse de terras, casamentos, que firmavam também tratados. 

Mas, desde sempre, existiram MULHERES que não se acomodaram, nem cumpriram apenas com o seu "papel", perante o seu Senhor, nem perante qualquer Homem. Porém, em raras vezes, desonraram a família. E se o fizeram, também foram levadas a tal. 

Porque a família para as mulheres é sagrada! SEMPRE. Já para o homem nem sempre tem esse valor, nem a cultuam com a mesma devoção. 

Gostei muito de ver Mulan, embora tenha imensos efeitos especiais que não passam despercebidos, o filme está muito bom. Tanto em desenho animado como em filme, prefiro-o a Aladin. 

Claro que a história de um e do outro, são muito diferentes. Para mim, Aladino é um bonito conto para crianças. Mulan também, mas é muito mais do que isso! É sobre laços fortes, honra. Ser leal à verdade e aos amigos. É um hino à coragem e à resiliência. Uma inspiração para muitas jovens e, também, muitas mulheres. Não há coisa pior do que uma mulher deixar-se anular ou amesquinhar por um homem.

Lembro-me de uma frase da minha mãe, que sempre me acompanhou e inspirou. "Nunca dependas de um homem para viver. Habitua-te a seres autónoma. A ter o teu dinheiro, o teu trabalho. Porque se o tiveres, serás sempre livre."

Todas, mas todas, temos uma Mulan dentro. Algumas... só ainda não, a descobriram.

 

 

 

Outubro está, aí. - ANNABEL DE VETTEN

29.09.20 | Maria Soares

 

 

Annabel de Vetten

 

Annabel de Vetten on Twitter: "Ready for all things Lecter! Movie TastAlong  at @ElectricBham https://t.co/3r8cIy7cM7 and a special event at  @FannibalFest #annabellecter #hannibal #annabelthecannibal…  https://t.co/truVt5vZPc"

 

A normalidade não é para algumas pessoas que sobressaem do padrão comum e os bolos que esta senhora faz, demonstram-no.

The Electric Cinema's Film and Food Club - Birmingham Live

Annabel de Vetten é pintora, escultora e esta experiência começou com o seu bolo de casamento. As pessoas ao contrário do que seria de supor, gostaram e começaram a chover encomendas. Portanto, tudo o que ela faz retrata filmes de horror.

Life sized Dexter Cake @ ShockBlast

"O estilo dos meus bolos, são o meu trabalho principal e o que descreveria como 'dark'. Anatomia, morte, medicina e arte alternativa inspiram-me e crio minhas interpretações, a partir da comida. Às vezes uso o estilo tradicional de bolo em camadas, mas desfaço a ideia de ser esse bolo e viro-o de cabeça para baixo. Vou cobri-los com maçapão ou chocolate, mas na forma de órgãos, pele, carne, pêlo ou matéria podre. Por mais nojento que pareça, certifico-me sempre de que haja um elemento de estilo, ou mesmo de beleza.  Também faço muitos animais de aparência realista, penso que são fofos, mas também horrorizam algumas pessoas, porque são muito realistas. Posso não agradar a todos, mas isso é que está bom para mim!"

 

These Made-to-Order Cakes Look Like Beautiful Nightmares - Gastro Obscura

Animais e coisas em que realmente se revê.

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Conjurer's Kitchen: Morbid Cake Creations by Annabel de Vetten | Scene360

Este, para um Baby Shower (festa de baptizado)

11+ Hilarious Baby Shower Fails That Are Too Good Not To Share

 

     Trabalhos tão realistas como, mórbidos 

 

O caminho de cada um, na vida, é feito por si e mais ninguém!  E a riqueza do ser humano é precisamente esta diversidade de uma inesgotabilidade surpreendente.   

Death cakes - Mirror Online

 

Annabel de Vetten é um génio artístico, que afirma ter nascido com uma colher torcida na boca. As suas criações feitas sob encomenda podem ser qualquer coisa, desde uma criatura fofa para a festa de aniversário de uma criança, até o mais horrível e realista cadáver macerado. Não importa a sua escolha,  será lindamente trabalhada com bolo ou chocolate. Dentro do leque vasto dos seus clientes há médicos, historiadores e até agentes funerários. 

 

Taxidermist-Turned-Baker Creates Spine-Chilling Cakes For Gore Porn Of The  Belly - Tattoo Ideas, Artists and Models

Admito que a alguns, sinceramente, não lhe enfiaria o garfo ou colher com grande à vontade. Nem sei se os comeria de todo.

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Würden Sie ein paar der dicken Maden probieren, die Annabel de Vetten mit  viel Liebe gebacken hat? | Konditor, Teig, Kuchenteig

Admiro muito as pessoas capazes de fazerem este tipo, de obras de arte. Tal como outras, claro.

Gosto imenso de me atrever a fazer as minhas "ridículas" e muito simples brincadeiras comestíveis, no Halloween, cá por casa. Já é um clássico, por esta altura, existir na mesa (ou numa à parte) uma "secção" assustadora. 

Este ano, devido à pandemia, não haverá o habitual jantar em que nos reuníamos e também celebrávamos "esta data", que não sendo tão efusivamente celebrada como nos EUA, no nosso país também tem a sua expressão.

 

Então e ESTES já os conheciam?

 

Pura e simplesmente, espantosos. Cada autor, com um sem nunca acabar de criatividade. 

 

 

 

 

DUKKHA

28.09.20 | Maria Soares

 


 


Layman's quandary over rebirth and consumption of meat - Sri Lanka Guardian


 

Dukkha - A Primeira Nobre Verdade representa todo o ciclo, e insatisfação que nunca será saciada enquanto seguirmos esse ciclo. Podemos pensar assim:


    1. Sofremos porque não temos, algo.
    2. sofremos porque conseguimos algo e temos medo de perder.
    3. sofremos porque temos algo que parecia bom, mas agora não é tão bom.
    4. sofremos porque temos algo de que queremos nos livrar e não conseguimos.

 


Então mesmo que tenhamos sucesso na nossa experiência de felicidade, ela pode tornar-se causa de uma experiência de sofrimento. 


Com apenas 7 anos, Tsering Dorje é um líder budista

Com apenas 7 anos, Tsering Dorje é um líder budista


Sete frases budistas para mudar (melhorar) a nossa vida:

 

– A dor é inevitável, o sofrimento é opcional. Levando em consideração que as pessoas só podem magoar-nos se souberem ao que damos importância, evitar o sofrimento inútil pode consistir, simplesmente, em dar um passo para trás, em se desligar emocionalmente e ver as coisas sob outra perspectiva. Isso requer práctica e tempo, mas vale a pena carregar consigo este grande ensinamento. Como guia, outra frase budista dá.nos uma pista de como começar: “Tudo o que somos é resultado, do que pensamos; está baseado em nossos pensamentos e feito deles”.

– Alegre-se porque todo lugar é aqui e todo momento é agora. Costumamos pensar apenas no passado ou estar excessivamente preocupados com o futuro. Isso impede-nos de viver o momento e faz com que nossas vidas passem sem que tenhamos consciência disso. O budismo mostra o aqui e o agora. Portanto, devemos aprender a estar plenamente presentes e desfrutar cada momento, como se fosse o último.

– Cuide de seu exterior tanto quanto cuida de seu interior, pois tudo é um só. Para encontrar um verdadeiro estado de bem-estar, é imprescindível que a mente e o corpo estejam em equilíbrio. Não nos concentrarmos muito no aspecto físico e, reciprocamente, no aspecto interior, ajudará a que nos sentimos mais plenos e conscientes do aqui e do agora, facilitando, assim, uma plenitude emocional mais valiosa.

– Vale mais a pena usar chinelos do que cobrir o mundo com tapetes. Para encontrar a nossa paz interior, precisamos ser conscientes dos nossos potenciais pessoais e aprender a doseá-los, assim como os nossos recursos. Desta forma, viveremos um verdadeiro crescimento e evolução.


12 regras essenciais para viver mais como um monge - Eu Sem Fronteiras


– Não magoe os outros com o que te causa dor. Essa frase é uma das máximas do budismo, e permite eliminar quase todas as leis e mandamentos morais actuais na nossa sociedade. Tendo um significado parecido com o da frase “não faça com os demais o que não gostaria que fizessem com você”, esta quinta reflexão vai muito além, já que consiste num profundo conhecimento de nós mesmos e numa grande empatia para e com os demais.

 Não é mais rico aquele que mais tem, senão aquele que menos necessita. O nosso desejo é de ter sempre mais, tanto no plano material, como no emocional, é a principal fonte de todas as nossas preocupações e desesperanças. A máxima do budismo baseia-se em aprender a viver com pouco e aceitar tudo aquilo que a vida nos dá no momento. Isso nos proporcionará uma vida mais equilibrada, reduzindo o stress e muitas tensões internas.


O facto de desejarmos mais coisas todo o tempo, indica somente falta de segurança e mostra que nos sentimos sós e precisamos preencher estes vazios. Sentirmo-nos a vontade connosco permite deixar para trás a necessidade de não ter que demonstrar nada.

 Para entender tudo, é preciso esquecer tudo. Estamos, desde pequenos, imersos numa contínua aprendizagem. Na infância,  o nosso mapa mental ainda não está desenhado, o que faz sermos abertos a “tudo” e à capacidade de entender qualquer coisa, pois não sabemos julgar. Mas à medida em que crescemos, a nossa mente enche-se de restrições e normas sociais, que nos dizem como devemos ser, como devem ser as coisas, e como devemos nos comportar, inclusive o que devemos pensar. Tornamo-nos inconscientes de nós, então perdemo-nos.


Para mudar e ver as coisas sob uma perspectiva mais saudável, precisamos aprender a desligar-nos das crenças, dos hábitos e das ideias que não provêm do nosso coração. Para isso, esta frase budista servirá para começar o processo: “No céu não há distinção entre leste e oeste, são as pessoas quem criam essas distinções em sua mente e acreditam ser a verdade”.

 

A Neurociência tem muito a aprender com o Budismo - Lojong

 

"A raiva não pode ser superada pela raiva. Se uma pessoa lhe demonstra raiva, e você mostrar raiva em troca, o resultado é um desastre."

Dalai Lama


"Ame profunda e passionalmente. Você pode magoar-se, mas é a única forma de viver o amor completamente."

Dalai Lama

Dalai-Lama.jpg - Casimages.com

 

Os 3 Mantras Ferozes 

Tsangpa Gyare

 

“O que quer que tenha que acontecer, aconteça!”
“Seja qual for a situação, está óptimo!”
“Eu realmente não preciso de coisa alguma!”

 

Como o budismo ajuda a lidar com as ilusões do nosso dia a dia - Sextante

 

Acredito que todo o amor que demos nunca foi em vão. A confiança que depositámos, mesmo traída, transformou-se em aprendizagem. Toda a fé que mantemos no mundo e nos outros, há-de achar reflexo numa folha que se desenrola, num botão que desabrocha em alguém que nos compreende. Isso porá tudo no lugar. Aquecerá a nossa alma!

Nada, é em vão, mesmo que doa. Custe, diariamente um inferno a ultrapassar... existirá um dia que se tornou líquido. Ar. O único paraíso está em nós. Somos, nós! Procurá-lo noutro lado, só nos traz angústia e temores injustificados.

A todos que não conseguimos chegar, ou tocar, é mesmo assim. Nem todos, ou tudo, somos iguais, nem o mesmo. Todos, somos um mundo, dentro deste mundo e ainda assim, cada um, tem dentro, outro mundo por descobrir. Todos somos provisórios na Terra!

 

 

Chateia-me um bocado atirarem a responsabilidade do desastre ambiental...

28.09.20 | Maria Soares

 

Lote 175 - Leilão 156 - Cabral Moncada Leilões

 

...que atravessamos, na sua maior parte, para as gerações mais antigas. Meus caros, sejam um pouco menos  críticos e parem para pensar. 

Não foram os nossos bisavós que "estragaram" o planeta. Quando as mulheres tinham filhos, lhes punham fraldas de pano. Que lavavam e punham a corar, para voltar a utilizar. Não foram elas que, quando estavam menstruadas, usavam uma espécie de toalha turca, que as próprias costuravam (e que posteriormente sofria a mesma lavagem que as fraldas dos filhos) não recorrendo a pensos higiénicos plastificados.

Não foram os nossos bisavós que se deitavam em colchões de palha, ou barbas de milho, por sinal, bem mais saudáveis que os nossos que poluíram o ambiente com espumas, nem esferovites e outros produtos semelhantes. Nem foram as nossas avós, que lavavam roupa numa celha, num tanque, ou no rio, a força de braços (com o sabão que hoje utilizamos contra um vírus mortal) que descarregaram poluentes nos rios. 

Nem foram elas, nem eles, que comiam castanhas embrulhadas em papel de jornal. Ou,  também embrulhavam o peixe e a carne em papel pardo e transportavam as compras à cabeça, com o auxílio de uma rodilha ou, nas mãos, em cestas de verga; que acendiam lareiras com galhos e caruma; cozinhavam em fornos de lenha, alimentados a toros, que os homens rachavam, que inventaram as acendalhas. Os pellets, nem os sacos de plástico. 

Estes pequenos e poucos exemplos, porque há muito mais, para perceberem que a geração que está a estragar o ambiente é a mais recente. A das facilidades para tudo. A das "invenções" miraculosas (carvão, petróleo, energia nuclear) que poupavam imenso esforço ao homem, mas agrediam sem piedade a natureza. 

São cada vez mais as novas tecnologias que, se por um lado ajudam, pelo outro destroem. Tanto a Terra, como o Homem.

Mas para dependentes totais deste género de "medicina tribal", como a maior parte das pessoas hoje em dia, viciada em bits, bites e terabites, é-lhes muito difícil ver!  Aceitar que são eles os carrascos da terra e os seus. Então que fazem? 

Quais fanáticos de Seita vêm para a rua gritar: "Há que salvar a Terra!" E, serão eles que o farão! Porque a culpa, é dos outros. E, não é, sempre?  Os outros... são o inferno. Já dizia Sartre.

Só se esqueceu de um pormenor. OS OUTROS... somos todos NÓS!

 

 

Porque gosto de ouvir a Rádio Renascença...

28.09.20 | Maria Soares

 

 

Audiências. Renascença alcança melhor resultado desde 2015 - Renascença

 

Deixei de ouvir há muito a Rádio Comercial. Em substituição passei a ouvir a M80. Mas, sinceramente não tenho paciência para conversa e conversa, fiada. Locutores ou radialistas, como se chama, o que forem, como a mania que são super-heróis, preocupados (como nos canais de televisão) apenas com as audiências e em alimentar os Egos. 

Mau feitio? Sim. Com muito gosto. Não tenho é pachorra para pseudo vip's deste país. Para bloggers, vedeta, que não passam de alpinistas sociais e que, se ao menos fossem pessoas bem formadas, mas são... algo que não concebo. Em nome da fama, há pessoas não só pagáveis, mas vendáveis. Vendem-se por "tuta-e-meia" com um fim apenas. Ascender socialmente, nem que para isso tenha de ser à custa da humilhação dos outros e da peixeirada.  

Que... é, o que neste país, está a dar! Quanto menor a qualidade do programa e maior o chavascal que provoque, melhor. Mais sucesso granjeia. Enfim... depois queixam-se e fazem-se "workshops" sobre o comportamento e como se pode ser mais feliz, correcto e grato, para com os demais!

Mas, dizia eu; porque gosto de ouvir a Rádio Renascença. Embora nas alturas em que a emissão começa a parecer uma procissão, confesse que me aborrece um bocadinho. Gosto, porque é uma emissora com pouquíssima conversa da treta! Uma emissora com locutores sóbrios, que não parecem estar constantemente sobre o efeito da cafeína ou a serem perseguidos(as) por um exame de abelhas. 

Ou seja. Gosto! Pela música diversificada, mas sobretudo pela informação. Aqui... aprende-se alguma coisa! Em detrimento dos outros sítios onde não se aprende nada e se promovem, a toda a hora, os santos da casa e não só.

Há cultura (história), informação, desporto, humor e a preocupação com conteúdos interessantes, nesta rádio. Há o Paulinho Coelho e a sua voz bonita e pausada. Sem gargalhadas nervosas, nem descontroles hormonais. Há o Júlio Isidro, um Senhor da nossa rádio, televisão e responsável por muitos êxitos  e por dar a conhecer muitos e bons artistas da nossa praça.

Há um grupo de pessoas que torna agradável ouvir uma emissão de rádio. Sem ruídos desnecessários, euforias excessivas, publicidade exaustiva sem massacrar os ouvintes e conversas de chacha. Nenhuma promoção pessoal. Há aqui... bons PROFISSIONAIS!  Não pessoas que parecem miúdos mal comportados, ou velhas coscuvilheiras.

 

 

 

Fonoteca Municipal do Porto - Já abriu.

28.09.20 | Maria Soares

 

Fonoteca Municipal do Porto abre no Sábado com 35 mil discos de vinil –  Portal OPaís

 

Fonoteca Municipal do Porto

 

A quem, ainda, não encantam os discos de vinil?  Hoje quem os tenha (cá em casa existam cerca de 350 discos LP e os de 45 rotações já não preciso quantos), tem uma preciosidade.

Mas espaço para guardar, é complicado. "Sítio" para ouvir. Manutenção e limpeza. Ainda tenho um gira discos! Uma máquina de escrever, um telefone dos mais antigos (anterior aos pretos e brancos) uma telefonia que era dos meus pais. Para quem gosta de antiguidades, estas coisas são sempre "giras".

Como o serão as cassetes de áudio, que alguns já nem sabem o que são. As de vídeo. Até os cd's, começam a estar ultrapassados, quando os computadores mais recentes, já não trazem leitor. Este é também, um lugar mágico, em dúvida!

 

Mais de 35 mil discos de vinil e um “património vivo” da cidade. Fonoteca  Municipal do Porto abre este sábado – Observador

"Um espaço dedicado à apreciação musical e à indústria da música e do audiovisual, com cerca de 35 mil discos de vinil à disposição do público.

Notícias - Cultura - Câmara Municipal do PortoEste acervo resulta de duas doações feitas ao arquivo sonoro municipal pela Rádio Difusão Portuguesa e a Rádio Renascença.

A base de dados da Fonoteca Municipal pode ser consultada e acedida, de forma livre, por parte do público.

Além do acervo municipal de discos de vinil e dos estúdios de gravação, o complexo dispõe ainda de câmara de eco, espaços para realização de voz off, finalizações musicais, restauro de suportes (como fitas magnéticas e outros), zonas de lazer.

A Fonoteca Municipal do Porto continuará, contudo, aberta a doações de todos os interessados".

 

 

Escritores Consagrados, rejeitados pelas Editoras

26.09.20 | Maria Soares

 

 

 Agatha Christie

 Como Agatha Christie escreveu 82 romances policiais em 55 anos


Para a grande rainha do crime o percurso não foi fácil. Teve de enviar O Misterioso Caso de Styles para seis editoras diferentes e aguardar quatro anos para que o seu famoso detective Hercule Poirot fosse apresentado ao público. Mesmo assim, não teve sucesso logo de início. Foram necessários mais três romances para que o seu trabalho começasse a ser reconhecido, mas o prémio pela sua perseverança valeu a pena.

Agatha tornou-se uma das autoras mais traduzidas no mundo e, certamente, a escritora mais famosa de todos os tempos. Esta mulher teve a coragem de entrar num mundo dominado pelos homens e tornou-se tão respeitada, quanto seus colegas. Ela, foi a primeira de uma geração de grandes escritoras do crime.

 

Frank Hebbert  Resultado de imagem para frank herbert

A série Duna é um marco na ficção científica, mas nem todos os editores são capazes de prever o potencial de um livro quando recebem os originais. Duna foi rejeitado cerca de 23 vezes antes de ser aceite. Um editor, ao rejeitar o manuscrito, chegou a dizer: "Posso estar cometendo o erro da década, mas não edito." Foi a Chilton, uma editora de pequena de Filadélfia que deu a Herbert uma oportunidade e Duna não tardou a tornar-se um sucesso de crítica.

Em 1968 Herbert  já ganhara muito dinheiro com as suas publicações. Mais do que os romances de ficção científica da época estavam a lucrar, mas não o suficiente para torná-lo um escritor em tempo integral.

Isso não o fez desistir da carreira e um dia, disse: " Um homem é um idiota em não colocar tudo de si, a qualquer momento, no que está criando. Você está fazendo uma coisa qualquer ,no papel. Você não está destruindo, está plantando uma semente."

 

 Stephen King

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A história de que o original de Carrie, foi deitado ao lixo pelo próprio autor e resgatado pela esposa, é bastante conhecida. Inclusive é narrada pelo próprio, no prefácio do livro. Mas o que nem todos sabem é que: além de escapar da lata do lixo, a obra recebeu mais de trinta rejeições das editoras.

King já tinha publicado diversos contos em revistas, mas nunca vira um livro seu, ser editado. Após muita luta Carrie foi o primeiro. Mas não foi o livro que o consagrou. Os seus cinco primeiros romances encontraram dificuldades em ser publicados. Entre eles A Hora do Vampiro e O Iluminado. Mas... veja-se quem é Stephen King, hoje?

 

J.K. Rowling        

J.K. Rowling just gave us the final installment of the US's magical history  - Vox

 

No final dos anos 90, J.K. Rowling passou por uma grave crise financeira, tendo de contar com a ajuda de familiares para sustentar o seu filho. Arranjou um emprego de professora e foi nessa época que começou a enviar os originais de Harry Potter, obra que vinha desenvolvendo há quase dez anos, para as editoras. Recebeu muitos, não. Alguns delicados e outros nem tanto, tal como este: “ Querida, desista dessa ideia de ser escritora e volte ao trabalho”.  No entanto, após ser rejeitado doze vezes, a editora Bloomsbury deu-lhe um voto de confiança, publicando “Harry Potter e a Pedra Filosofal” numa colectânea de literatura infantil.

Rowling recebeu um grande adiatamento por Harry Potter e foi-lhe sugerido assinar apenas as iniciais dos pré nomes, pois o público infantil masculino poderia rejeitar um livro escrito por uma mulher. JK ganhou uma legião de fãs e é a responsável por grande parte dessa nova geração de leitores.

  

John Grisham

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John Grisham era filho de fazendeiros, trabalhou muito e desde muito jovem ganhava seu próprio sustento ajudando em construções, regando plantas por um dólar, chegando a vender roupa. Não é de admirar que não desistisse na sua primeira rejeição. Nem na segunda, na terceira e nem na vigésima oitava.

O original de Tempo de Matar levou tantos nãos, que Grisham deve ter gasto uma pequena fortuna em correio. Ele já era advogado formado, com alguns anos de carreira, ou seja, tinha amplo domínio sobre o que estava escrevendo, mas mesmo assim, penou para conseguir ser publicado. Graças à sua persistência o thriller judicial ganhou o seu mais famoso representante.

 

Stephenie Meyer 

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Não fosse a insistência de Stephenie Meyer, muitas adolescentes nunca teriam podido suspirar por vampiros com purpurina. Nem pelos emblemáticos lobos, pelo simples fato de que jamais teriam saído da gaveta.

Crepúsculo foi rejeitado oito vezes. E além da frustração de ver seus originais devolvidos, a autora teve de aturar comentários grosseiros como: “É melhor você parar de escrever e procurar outra actividade para sobreviver”.

Mesmo após assinar com uma editora, recebeu uma devolução das muitas editoras a qual havia enviado os originais, com um comentário tão maldoso, que a deixou deprimida, mesmo já tendo seu livro aprovado por outra empresa. A sua vontade na ocasião foi a de mandar uma resposta anexando uma cópia do contrato, mas achou melhor não fazê-lo.

 

Margareth Mitchell

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Margareth foi presenteada com mais de trinta portas na cara, antes de ver seu livro E Tudo o Vento Levou publicado. Foi um longo caminho de decepções, mas ela tanto insistiu que conseguiu a editora Macmillan acreditasse na sua épica história e aceitasse lançar o livro no mercado.

Em menos de um ano a obra tornou-se best-seller  e viu os seus direitos de filmagem comprados por uma uma soma considerável. Para coroar todo o esforço de Margareth, em 1937 o livro foi premiado com o Pulitzer. Lamentavelmente, morreu aos 49 anos vítima de atropelamento. Essa maravilhosa saga, foi a única obra que nos deixou.

 

Outros escritores rejeitados:

 

- O Senhor das Moscas de William Golding: rejeitado 20 vezes antes de ser publicado
- O espião que Saiu do Frio de John Le Carré: rejeitado porque “o autor não tinha futuro”.
- E o Vento Levou de Margaret Mitchell: rejeitado 38 vezes antes de ser publicado
- Santuário de William Falkner foi  considerado, “impublicável”
- O Diário de Anne Frank: rejeitado 15 vezes antes de ser publicado
- Foi dito a Louisa May Alcot (Mulherzinhas) para continuar a dedicar-se ao ensino
- Rudyard Kipling, autor de O Livro da Selva, foi "acusado" de não saber usar o inglês
- A Revolução dos Bichos do George Orwell:  “não havia mercado para histórias de animais nos EUA”
- Dubliners de James Joyce: rejeitado 22 vezes antes de ser publicado

E outros escritores, além destes.

 

As cartas de rejeição que escritores famosos já receberam

 

Fontes:leitor cabuloso, revista conexão e outros sires

 

 

 

O Natal de Dostoiévski

26.09.20 | Maria Soares

 

 

 

 

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Um conto, escrito em 1864.

A ÁRVORE DE NATAL NA CASA DE CRISTO

DOSTOIÉVSKI
 

"Era uma vez uma criança num porão, um menino de seis anos, ou menos ainda. O pobrezinho acabava de acordar, tremendo de frio sob os farrapos que o cobriam. Quando respirava, uma baforada branca lhe saía da boca, e ele, sentado no canto de uma sala, começou a soprar de propósito, para ver a nuvem mexer-se. Isso o distraía, mas preferia mais comer. Aproximou-se várias vezes do velho colchão de capim, duro e seco como um pão de pobre, onde, com um saco por travesseiro, repousava sua mãe doente. Como viera ela parar ali? Provavelmente, chegando de outra cidade, adoecera de súbito. A mulher que alugava esse porão fora presa na antevéspera; os outros inquilinos se tinham dispersado, para festejar o Natal; o único que ficara, um trapeiro, cozinhava, havia dois dias, a bebedeira com que celebrara de antemão o nascimento de Cristo. No outro canto da sala gemia uma octogenária reumática, antiga empregada de crianças, que morria abandonada; não parava de suspirar, de se lamentar e de praguejar contra o garoto que, entretanto, nem ousava aproximar-se. No corredor ele achara bebida, mas nada para comer, e já chegara mais de dez vezes perto da mãe para acordá-la. A obscuridade causava-lhe uma opressão angustiosa; já estava escuro e ninguém aparecera para acender o fogo. Apalpou o rosto da mãe e ficou surpreso: estava gelada e rígida como um muro. “Está fazendo frio”, pensou, com a mão inconscientemente pousada no ombro da morta; depois soprou sobre os dedos para aquecê-los, pegou o boné que ficara em cima da cama e, procurando não fazer barulho, saiu tateando na escuridão. Já teria saído antes se não fosse o medo de encontrar na escada um enorme cachorro que ouvira latir o dia todo. Mas nem o viu até chegar à rua.
Senhor, que grande cidade! Nunca vira nada assim. Onde ele morava, as ruas eram escuras, iluminadas por uma única lanterna. As casas de madeira, baixinhas, viviam fechadas; apenas a noite caía, não se encontrava mais viva alma; todos ficavam calados dentro das casas e só os cachorros, centenas, milhares de cachorros, ganiam ao relento. Mas, em compensação, podia aquecer-se, davam-lhe de comer… enquanto aqui… Meu Deus! não achará nada para comer? E que algazarra, que azáfama, que claridade, quanta gente, quantos cavalos e carros… e o frio, que frio! A neblina gela em filetes nos focinhos dos cavalos que galopam, as ferraduras batendo forte nas pedras das ruas, por sobre a neve mole; os passantes esbarram uns nos outros, empurrando-se e, Deus do céu, como lhe doem o estômago vazio e os dedinhos duros de frio! Um guarda passa junto dele, vira-se para fingir que não o vê.
Ainda uma rua: como é larga! Não há dúvida que vai ser esmagado; toda a gente grita, vai, vem, corre; e que claridade, que claridade extraordinária! Que é isso? Ah! uma grande vidraça, e por detrás da vidraça um quarto com uma árvore que vai até o teto: é um pinheiro, uma árvore de Natal cheia de luzes, de pequenos objetos, de frutas doiradas, rodeada de bonecas e cavalinhos. No quarto, correm crianças limpas e bem vestidas; riem, brincam, comem e bebem. Uma menina está dançando com um menino. Como é bonita! Ouve-se a música através da vidraça. O pequeno olha tudo com espanto; sorri, enquanto lhe doem os dedos dos seus pobres pés, e os das mãos, de tão vermelhos e duros, já não podem dobrar. Mas, de repente, o menino lembra-se da dor dos dedos; começa a chorar, corre, e encontra outra vidraça, através da qual vê outra sala, com outra árvore; mas agora há mesas cobertas de bolos de todas as qualidades, bolos de amêndoas, vermelhos, amarelos, que quatro ricas senhoras distribuem a todos os que entram. A todo momento a porta abre-se para deixar entrar homens bem vestidos. Lentamente, o menino se aproxima, abre a porta, entra de chofre. Ai! expulsam-no com gritos e gestos indignados. Uma senhora meteu-lhe uma moeda na mão, enquanto o empurrava para a rua. Que medo! A moeda rolou na escada com um som claro: não pudera fechar os dedos para segurá-la. Então o garoto pôs-se a caminhar apressadamente para longe – sem saber para onde. Com vontade de chorar, com medo, desata a correr. Corre soprando nos dedos. Uma sensação de angústia o oprime, de sentir-se tão só e abandonado; mas logo se distrai. Senhor, que será? Quanta gente parada, olhando curiosamente! Numa janela, através da vidraça, três enormes bonecos vestidos de vermelho e verde parecem vivos: um velho, sentado, toca violino, e os outros dois, de pé, têm nos braços violinos menores; todos meneiam em cadência as cabeças finas, olham-se uns aos outros, mexem os lábios; falam, devem falar – de verdade – e só não se ouve nada por causa do vidro. O menino pensou primeiro que eram pessoas vivas e, quando compreendeu que eram bonecos, pôs-se a rir. Nunca vira bonecos assim, nem imaginava que pudessem existir! Eram tão engraçados, tão engraçados que transformaram em riso o seu pranto. De repente, alguém o puxou, por detrás. Um menino grande, ruim, deu-lhe um soco na cabeça, deitando-lhe o boné abaixo, e depois um pontapé. Rolou no chão, algumas pessoas começaram a gritar; apavorado, levantou-se e disparou a correr, sem saber para onde. Entrou num porão, deu num pátio, sentou-se atrás de um monte de lenha. “Ao menos aqui ele não me encontrará, pensou; está escuro demais.”
Encolheu-se todo, sem poder recobrar o fôlego, tanto medo tinha, e repentinamente – porque tudo se passou num segundo – invadiu-o um grande bem-estar, as mãos e os pés cessaram-lhe de doer, e sentiu calor, muito calor, como se estivesse perto de um fogão. Sacudiu-se todo; mais um pouco, e dormia. Como seria bom dormir ali! “Daqui a pouco, vou de novo ver os bonecos”, pensou, sorrindo só de lembrar; “poderia jurar que estavam vivos!” E subitamente pareceu-lhe ouvir sua mãe a cantar-lhe uma cantiga. “Mamãe, vou dormir; ah! como é bom dormir aqui!”
– Vem comigo, vamos ver a Árvore de Natal, meu filho – murmurou inesperadamente uma voz de rara doçura.
Julgou que fosse sua mãe; mas não, não era ela. Quem então o chamara? Não vê ninguém, mas alguém se abaixou sobre ele, abraçou-o no escuro; estendeu os braços e… de repente – ah! como tudo ficou resplandecente! Que maravilhosas árvores de Natal! Mas não é um pinheiro, nunca viu árvore assim. Onde estava? Tudo brilha, tudo reluz, e em toda parte vê bonecas – não, não são bonecas, são meninos e meninas; apenas são crianças luminosas. Envolvem-no, fazem roda em torno dele; beijam-no de passagem, seguram-no, levam-no voando; também ele voa, e vê: vê sua mãe, e lhe sorri.
– Mamãe! Mamãe! Ah! como está bom aqui!
Abraça os novos companheiros; queria tanto contar-lhes a história dos bonecos detrás da vidraça… Pergunta-lhes quem são, onde estão, rindo e atirando beijos.
– Não sabes… esta é a Árvore de Natal do Cristo – responderam-lhe. – Todos os anos, neste dia, há uma árvore assim, que Jesus dá às crianças que não tiveram árvores de Natal na terra…
E soube que todas essas crianças haviam sido iguais a ele; mas uns morreram gelados nos cestos em que os abandonaram nas portas dos palácios de Petersburgo; outros morreram nos asilos das províncias, ou no próprio seio das mães, durante a fome de Samara, ou asfixiados pelo ar contaminado dos cortiços. Mas agora vivem todos como anjos, com o Cristo; e Ele os abençoa, num gesto de ternura que se estende às suas pobres mães… Ei-las todas, ao longe, chorando, olhando para os filhos que passam esvoaçando por junto delas, beijam-nas de leve, enxugam-lhes as lágrimas pedindo-lhes que não chorem, pois se acham tão bem…
E lá embaixo, na manhã seguinte, os porteiros descobriram o cadáver de um menino gelado perto de um monte de lenha. Procuraram sua mãe… ela morrera um pouco antes dele; talvez os dois se tenham encontrado no céu…
Por que terei eu imaginado uma história tão pouco razoável, tão pouco nos moldes de um escritor sério! E dizer-se que eu me propunha a só contar fatos reais! Mas a questão é justamente essa: sempre me pareceu, como parece, que tudo isso poderia acontecer, isto é, a parte do porão e do monte de lenha. Quanto à árvore de Natal de Cristo, não poderei afirmar que exista.
 
Mas, já que sou romancista, posso bem imaginar que sim.

 

Fiódor Dostoievsky (1821- 1881) 

 

 

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