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𝗟𝘂𝗶𝘇 𝗗𝗮𝗺𝗮𝘀 𝗠𝗼𝗿𝗮 (𝟭𝟵𝟯𝟲-𝟮𝟬𝟮𝟮)
‘𝘜𝘮 𝘤𝘢𝘷𝘢𝘭𝘩𝘦𝘪𝘳𝘰 à 𝘮𝘰𝘥𝘢 𝘢𝘯𝘵𝘪𝘨𝘢!’
Foi assim descrito, esta segunda-feira, por uma administradora hospitalar no Hospital de São José ao saber do seu súbito desaparecimento.
Filho e neto de médicos-cirurgiões, Luiz Alberto Barreto Damas Mora nasceu no Cadaval a 23 de março de 1936, tendo concluído a sua licenciatura em Medicina, em 1960, na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Foi oficial médico miliciano em Angola, entre 1961 e 1963.
Concorreu ao Internato Geral nos Hospitais Civis de Lisboa, em 1964, instituição onde exerceu toda a sua carreira médico-cirúrgica. Seguiu-se o Internato Complementar de Cirurgia, concluído em 1967, ingressando depois no Internato Complementar de Clínica Cirúrgica que terminou em 1974. Desempenhou funções, especialmente, no antigo Hospital do Desterro, onde foi discípulo dos Drs. Sérgio Sabido Ferreira e Luís Mota Capitão.
Tomou posse como chefe de serviço no Hospital do Desterro em 1989, onde veio a ser diretor de serviço de Cirurgia Geral (2004-2006). Durante esses dois anos foi também diretor do Departamento de Cirurgia Geral do Centro Hospitalar de Lisboa (Zona Central), que incluía então os hospitais de São José, Santo António dos Capuchos e Desterro.
Ao longo da sua carreira exerceu igualmente outras funções. Tendo sido responsável pelo Ensino Pós-Graduado no Hospital do Desterro (1979-1982), viria a desempenhar, mais tarde, o cargo de presidente da comissão dessa mesma área (2002-2004) no então subgrupo Capuchos/Desterro. Neste subgrupo foi também presidente da Comissão de Ética (1998-2004).
Membro efetivo da Sociedade Portuguesa de Cirurgia desde 1977, presidia desde 2008 ao capítulo sobre História da Cirurgia Portuguesa. Colaborava com regularidade com a revista daquela instituição, na qual publicou diversos artigos sobre vários aspetos da História da Cirurgia e os seus protagonistas. Foi presidente de honra do XXIX Congresso daquela sociedade em 2010.
Integrou também a Sociedade Médica dos Hospitais Civis de Lisboa (1964-2013), da qual foi presidente entre 2000 e 2002.
Desde 2004 era presidente da Comissão do Património Cultural do Centro Hospitalar de Lisboa Central, tendo organizado regularmente, desde 2007, os Colóquios do Património, apoiando de igual modo, e de forma entusiástica, os trabalhos desenvolvidos na defesa, conservação e divulgação do património histórico dos hospitais. Nesse âmbito, em 2010, recebeu uma menção honrosa do projeto SOS Azulejo, pelos trabalhos desenvolvidos tendo como objetivo a inventariação e estudo daquele relevante património.
Além das várias conferências que proferiu nas instituições e eventos já referidos, apresentou trabalhos sobre História da Medicina e o Património dos Hospitais também na Ordem dos Médicos, na Sociedade de Geografia de Lisboa e na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, entre outras.
Entre as suas obras publicadas destaca-se "António Damas Mora – Um médico português entre os trópicos", sobre a vida e obra do seu tio-avô, assim como a coordenação de "O ‘Espírito dos Hospitais Civis de Lisboa’. Episódios da Vida Médica". Colaborou ainda como co-editor e co-autor na obra "Médicos e Sociedade: para uma história da medicina em Portugal no século XX" e em várias outras obras coletivas em vários apontamentos sobre o Hospital do Desterro.
Ávido leitor, interessado nos mais diversos temas, da fotografia, à pintura, passando pela música, defendia o exercício de uma medicina humanizada em que era essencial uma relação próxima entre o médico e os seus doentes, convicto de que esse aspeto permitia um melhor tratamento destes.
Bem-disposto e sempre pronto a contar-nos algum episódio sobre a vida médica nos Hospitais Civis de Lisboa, e depois do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Luiz Damas Mora faleceu no passado dia 28 de maio, deixando uma enorme saudade aos seus familiares, amigos e colegas.
Carlos Boavida, Gabinete do Património Cultural – CHULC (
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Acabo de saber que perdi mais uma das "minhas pessoas especiais" Fiquei sem palavras! Em lágrimas! Profundamente triste! Durante anos tive a honra de privar com este ENORME senhor. De uma educação, elegância, profissionalismo, carinho e reconhecimento por quem com ele trabalhava notáveis. Por todos a quem tratava com atenção e a cordialidade de alguém com uma alma muito nobre!
Gostava muito quando me chamava ao gabinete para conversar. Para lhe passar, a computador, muitas das suas histórias sobre caça, que adorava e praticava desde jovem; como artigos relacionados com as suas publicações em livro e revistas. Quando se interessava e incentivava, a buscar e realizar os meus sonhos.
No último dia que passámos no Hospital do Desterro, deslocado depois para os Capuchos, sem eu esperar, disse-me que gostaria que guardasse, como prova de consideração e de amizade, a caneta (com que assinou todos os documentos oficiais e de importância, na sua vida profissional até ali) dado que nenhum de nós sabia para que Hospital e Serviço nos iriam distribuir.
Era obviamente valiosa! Não só pelo valor sentimental que lhe atribuía, como pelo corpo elegante e marca de renome no mercado. Conservo-a religiosamente, com a reverência que merece quem ma deu! Vimo-nos ainda bastas vezes no Hospital para onde ingressámos e embora menos, mantivemos as nossas conversas e contacto. Aprendi imenso com ele! Sinto-me infinitamente grata por tê-lo conhecido e secretariado!
Os meus sentimentos à família! Que descanse em paz! Tenho muita pena de não me despedir dele.